Humanismo na saúde em tempos de Covid19

“Quem estuda medicina sem livros navega num mar desconhecido, mas quem estuda medicina sem pacientes não vai para o mar”. Antes mesmo do termo ser cunhado no final do século XIX William Osler já defendia o atendimento humanizado de pacientes “escute seu paciente, pois ele está lhe dizendo o diagnóstico”.

Conhecido como o pai da medicina moderna William Osler acreditava que a medicina era feita para pessoas, por isso os livros e aulas tinham como propósito melhorar a vida dos indivíduos.

A história da humanidade se divide em ciclos que hora priorizam o ser humano, hora priorizam as habilidades técnicas. Enquanto na Idade Média a religião e emoções eram admiradas, durante o Renascimento o progresso da ciência que possibilitou a descoberta de novas terras fez o conhecimento emergir e o homem se tornar o centro.

Mais adiante nos séculos XX e XXI após duas guerras mundiais, a conquista da lua, do sequenciamento do genoma humano e desenvolvimento de tratamentos personalizados de doenças ao nível molecular, mais uma vez estamos diante da dualidade conhecimento técnico versus humanidade. Se o conhecimento mostra o que podemos alcançar, o elemento humano estimula outros questionamentos: qual é o propósito, por que fazemos e o que significam.

Ouvir o paciente é primordial para o atendimento humanizado

O conhecimento técnico sozinho não é capaz de solucionar todas as demandas, pois a tecnologia é só o meio que nos permite alcançar resultados antes inimagináveis na prevenção e cura de doenças. Assim como o conhecimento técnico não possibilita julgamento, somente ação. Posto que a mesma ferramenta pode ser usada para salvar vidas ou matar.

Por isto é preciso ouvir toda a história para compreender o ser humano e a totalidade dimensional de seu sofrimento. Igualmente, entender como isso interfere em todas as esferas de sua vida, já que somente o médico que está disposto a escutar seu paciente vai captar seu sofrimento de maneira mais ampla. Portanto, a escuta é o princípio do atendimento humanizado, focado na compreensão mais abrangente das necessidades do paciente.

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Afinal, pacientes são seres constituídos de sentimentos, opiniões e objetivos. Como médico é nosso dever envolver o paciente no processo de cura, tentar compreender seus objetivos e encontrar a opção que mais atenda às suas necessidades. Médicos atenciosos são profissionais melhores. Porque conquistam a confiança dos pacientes, se envolvem mais com seus cuidados de saúde, prescrevem medicamentos mais seguros e são mais assertivos.

Logo, equilibrar a demanda de uma abordagem centrada no paciente com a quantidade de atendimentos é o que precisamos para começar a mudança e para humanizar os atendimentos clínicos.

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